O processo criativo de uma estampa, assim como em qualquer outra atividade artística, envolve um pouco de várias coisas: estímulos do passado e do presente, referenciais acumulados, desejos, gosto pessoal e até palpites, além de algo que acho fundamental que é a pesquisa. É por meio dela que geramos algo que nunca vem do vazio, mas da transformação e da releitura.

A estampa FEITOS DE LUTA teve toda sua fundamentação no trabalho de pesquisa a quatro mãos, com a ajuda definitiva do professor e pesquisador Claudionor Damasceno – @claudionordamasceno. Num primeiro momento, foi feito um levantamento geral de embates históricos ocorridos na região Nordeste do Brasil desde 1500. Mas, como nada chega pronto, havia dois pontos a serem resolvidos. Primeiro, em meio a uma infinidade de registros muito pouco conhecidos, se tornou fundamental separar o joio do trigo, ou seja, saber quais lutas eram populares e quais tinham sido provocadas pela elite da época. O segundo momento foi a substituição dos títulos encontrados na pesquisa pela nomenclatura correta utilizada pelos insurgentes, ignorando assim os conceitos divulgados pelos opressores. Sim, foi o mesmo que comparar “golpe” e “revolução” historicamente.

O resultado do processo foi uma estampa exclusiva que é também um registro histórico da disposição do povo nordestino de lutar por igualdade social, desde quando o homem branco invadiu o Brasil, iniciando todo o processo de opressão que até hoje combatemos.