Seja em governos fascistas como o que enfrentamos ou na plena democracia que desejamos, a profunda desigualdade social será marca do Brasil enquanto não superarmos o modo de produção capitalista e as mazelas que ele produz. O princípio escravista que historicamente rege as relações de trabalho em nosso país – seja em grandes empresas e até mesmo em alguns extratos domésticos – nos obriga a lutar por novos parâmetros para as relações produtivas e de consumo.
O racismo, impulsionado por políticas de higienização social urbana, tem nas políticas de repressão e guerra às drogas sua principal fonte de normalização do massacre das populações economicamente menos favorecidas. Esse fato aprofunda diferenças de oportunidade e nos desumaniza, enquanto banaliza a violência e os assassinatos promovidos por um modelo de estado que criminaliza pessoas pela cor da pele ou textura dos cabelos.
A desvalorização da força de trabalho feminina também é parte fundamental da superestrutura capitalista baseada no patriarcado, fornecendo a base para a materialização de todo tipo de opressão, violência e controle social sobre as mulheres. Nesse ponto, algumas mulheres sofrem a violência de forma acumulada: por serem mulheres, por serem mulheres e pretas, por serem mulheres, pretas e pobres.
Camisas de Luta nasce no momento de recrudescimento da opressão exercida pelo estado que, tomado pelo fascismo, acrescenta às mazelas do capitalismo formas de opressão ainda mais severas. Nesse cenário, acreditamos que o enfrentamento também se dá pela comunicação. Nosso primeiro impulso é de preencher os espaços urbanos com mensagens que ensejem o desejo de lutar por igualdade social, provocando identificação, empatia, união e despertando para a realidade de que somos mais fortes do que o sistema e que vamos superá-lo.